Legista que acinou laudo de Fernanda envia direito de resposta sobre entrevista de Paulo Lages pai de Fernanda,,



O médico pediu resposta relativa ao trecho em que o pai da estudante disse que a policia civil não apresentou absolutamente nada como resultado.

O médico legista da Policia Civil do Piauí, Antonio Nunes, que assinou o laudo cadavérico realizado no corpo da estudante Fernanda Lages Veras que foi apresentado pela Polícia Civil do Piauí, enviou ao GP1 direito de resposta sobre matéria intitulada “Pai de Fernanda Lages em entrevista exclusiva ao GP1 diz que não confia no secretário Robert Rios”. O médico pediu resposta relativa ao trecho em que o pai da estudante morta em 25 de agosto de 2011 no prédio da MPF disse que a policia civil não apresentou absolutamente nada como resultado dos laudos cadavéricos.

Confira na íntegra o direito de resposta:

TÓPICO: “O que a família acha desse procedimento, considerando os laudos cadavéricos apresentados pela Polícia Civil em seu inquérito?”.

RESPOSTA DE PAULO LAGES: “Mas o que a Polícia Civil apresentou? Absolutamente nada. A gente realmente tem aquela esperança, aquela ponta de esperança que a Polícia Federal possa mostrar alguma coisa”.

Em que pese sabermos a imensa dor que essa família vem passando e em especial os pais, gostaríamos de esclarecer que em nosso sistema jurídico a presunção de inocência é a regra e não a exceção e deve-se ter cuidado ao julgar todas as pessoas que trabalharam nesse caso e se fazer críticas que se baseiam, é claro, na emoção, porquanto sequer há o final da investigação pela Polícia Federal e ainda não se sabe a que resultados chegará. Não se pode achar que em todas as instituições públicas todas as pessoas são incompetentes ou desonestas e quando se começa a atirar para todos os lados há o risco de se cometer injustiças e entendemos ser este o caso.

Sou o médico legista que assinou o laudo cadavérico: isso mesmo o laudo e não “os laudos cadavéricos” como foi dito na reportagem, pois a perícia criminal confecciona o laudo de cena e o perito médico o laudo cadavérico, em que interessa se analisar o corpo e vestes, ainda constando sangue, cabelos, possibilidade de estupro, etc. Dentre as obrigações do médico legista estão as de determinar a causa “mortis”, mecanismos, instrumentos possíveis, toxicologia, verificar-se a possibilidade de ter havido conjunção carnal consentida ou não, coleta de material para exames genéticos, dentre muitos outros e tudo o que foi possível, foi feito, considerando-se as limitações de estrutura e equipamentos que existe em nosso Estado.
Foram solicitados exames genéticos e toxicológicos ao laboratório da Polícia científica da Paraíba: foram enviados líquido dos dois globos oculares, sangue, material colhido da vagina, material colhido do estômago, cabelos, pedaços de pele com sangue das mãos e coxas, unhas, pedaços de fígado, saliva, além de exame externo e interno de todo o cadáver em uma necrópsia que durou 4 horas. Estes demonstraram não haver material genético estranho no corpo, nem ter havido cópula e apenas havendo ingesta de bebidas alcóolicas naquela data. As lesões foram demonstradas, fotografadas ( no laudo cadavérico há 104 fotos ) e é importante que se frise que o laudo que foi exibido nos portais não era o cadavérico e sim o da perícia criminal, pois não haveria como mostrar o mesmo pois havia fotos íntimas, de cavidades corporais abertas, etc. e seria constrangedor e antiético se fazer isso. Portanto, não assiste razão ao senhor Paulo Lages ao dizer que nada foi feito. 

Como há uma nova investigação em curso pela Polícia Federal, entendemos que desconfiar e refazer exames é salutar, pois a boa perícia deve ser capaz de se sustentar nos exames das contraprovas e por outros que porventura sejam feitos, mas o fato de haver nova realização de perícias, não significa automaticamente que quem fez as primeiras esteja errado. Lembremos do caso PC Farias em que o perito da UNICAMP afirmou que houve suicídio e um médico legista, chamado Sanguinetti, da pobre Alagoas sustentava que era homicídio e foi tachado de louco. Tempos depois, em nova perícia se chegou à conclusão que o mesmo tinha razão. Não que me ache melhor que ninguém, mas o benefício da dúvida deve prevalecer enquanto algo convincente e com provas não seja apresentado para mudar o quadro. Portanto, não assiste razão ao senhor Paulo Lages ao dizer que nada foi feito em termos de laudo cadavérico, pois apresentamos todas as lesões, fotografamos, foram feitos os exames já citados e nada foi escondido.

Se alguém acha que foram trocados os materiais que foram para o laboratório, não há problema, pois isso vai ser desmistificado, pois há nova perícia em curso e ao final se verá quem realmente tinha razão. Mas uma coisa é certa, não se pode em termos periciais, chegar ao resultado que uma família quer, o que se tem que buscar é a verdade e torcemos para que o que falta em termos de verdade apareça. Não temos compromisso com a mentira, mas também não vamos inventar fatos periciais para satisfazer “A” ou “B”. Há uma frase de Saint Exupery que bem traduz esse momento: “ não se mede o bem estar ou a felicidade que se tem senão pelo que ainda falta” e entendemos que à família falta o desfecho, mas isso também falta a toda a sociedade piauiense, na qual me incluo. Em termos de causa “mortis”, voltando ao tema, esta se divide em causa médica da morte e causa jurídica da morte: a primeira é obrigação do médico legista; a Segunda pode ser homicídio, suicídio, acidente ou indeterminada e esta não é obrigação do perito médico e, sim, uma faculdade quando há pleno convencimento. Exemplificando: se há alguém morreu e o médico legista coloca no laudo: hemopneumotórax causado por ferimentos causados por projéteis de arma de fogo, isso é a causa médica e o Delegado chegará à conclusão pelo que está escrito e testemunhos e por outras provas que houve um homicídio.

O mecanismo e a causa médica da mortes estão descritos no laudo que não vou obviamente externar aqui. Só gostaria que cessase o achaque a que vem sendo submetidas várias pessoas, mas só falo especificamente em meu nome, pois não estou falando em nome da Polícia científica nem da Secretaria de segurança, até porque não tenho autorização para isso, mas apenas em minha defesa pelo que foi dito em relação ao laudo cadavérico. E é tempo de lembrarmos que até nas melhores polícias do mundo há casos difíceis que demoram para ser resolvidos ou que se tornam insolúveis; há que se ter paciência.

OBS: Sou formado em Medicina pela Universidade Federal do Piauí, instituição que todos os anos, na prova que nacional que mede o nível de formação acadêmica, fica entre os 8, 7, 4 melhores faculdades de Medicina do Brasil: certamente não temos os equipamentos que existem, por exemplo, em São Paulo, mas certamente não somos mal formados. Não há motivos para se questionar tanto um laudo de forma leiga sem que haja, ainda, sequer outro parecer de outros profissionais e estes certamente virão, como é o caso da análise que está sendo feita pelos peritos de Brasília, DF, e pelos peritos da Polícia Federal. Os primeiros já fizeram uma manifestação preliminar quando aqui estiveram pela segunda vez e disseram que os laudos estavam bem feitos e que não se podia, até então, se descartar homicídio ou suicídio, só descartando de imediato acidente.l Estas foram as palavras de Jorge Lunardi que estão em entrevista concedia a uma TV de Teresina. O sensato é aguardarmos o excelente trabalho que outros estão fazendo para que se tenha um desfecho.


*Obs: os trechos em negritos no direito de resposta fazem parte da redação original do médico legista.fonte[:gp1 e barrasdecaranova.com]

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