ESPORTE
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A CRÔNICA
G1por:
Alexandre Lozetti
Se corintianos e santistas pudessem fazer um pedido, iriam querer uma
máquina do tempo para acelerar a próxima semana. Não interessa o que
será dos times na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, os números da
Megasena ou tampouco se Tufão vai perdoar Carminha em Avenida Brasil.
Depois da vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Santos, na Vila
Belmiro, cada segundo será uma eternidade até quarta-feira.
Os fiéis não veem a hora de confirmar o que parece evidente desde o ano
passado: um time quase intransponível em sua defesa, dedicado no meio
de campo e calculista no ataque, obediente à regência de Tite. De poder
comemorar a classificação no Pacaembu lotado e transbordando esperança
de chegar pela primeira vez à final da Libertadores.
E os santistas? Quantas vezes não olharão no relógio à espera de que o
futebol encantador dos últimos anos reapareça? Ansiosos por voltarem a
ver Neymar em seus melhores dias, Ganso totalmente recuperado, e
confiantes de que o Pacaembu, apesar de tomado pelos adversários, seja
inspirador como em 2011, quando foi palco do tricampeonato.
O primeiro tempo da decisão teve ingredientes apimentados: golaço,
expulsão, empurrões, grandes defesas, nervosismo e até queda de energia.
Tático, o Timão seguiu roteiro desenhado por Tite: pressionar o rival
em seu campo, trocar passes, fazer o gol fora de casa e se fechar à
espera de um contra-ataque fulminante. Sheik revelou que o comandante
pediu marcação dobrada no "danado". O "danado" era Neymar. Antes do
jogo, o "danado" fez afagos em Alex, Jorge Henrique... Em campo, com
moicano em nova versão, trombou com Jorge Henrique, bateu em Leandro
Castán e apanhou de Sheik, que foi expulso e fará falta na quarta-feira.
No Pacaembu, o Corinthians jogará por um empate para chegar à decisão
contra Boca Juniors (ARG) ou Universidad (CHI). Já o atual campeão
precisa de uma vitória. Se for 1 a 0, a vaga será disputada nos
pênaltis. Qualquer outro placar favorável ao Santos colocará o time na
final pela quinta vez.
Emerson comemora gol do Corinthians contra o Santos
Vila Belmiro? Tanta demora para o Santos definir o estádio da primeira
semifinal e foi o Corinthians quem passeou pelo gramado como se
estivesse no quintal de sua casa. O anfitrião parecia disputar um treino
coletivo, enquanto o visitante jogava a semifinal da Taça Libertadores.
Sem pedir licença, o Timão preencheu o campo ofensivo com atletas de
meio e ataque. Com espaço, trocou passes e usou bem Danilo como homem
mais adiantado. Inteligente, ele fez a linha formada por Jorge Henrique,
Alex e Sheik participar o tempo todo.
Nada podia ser mais emblemático do que o Peixe, com Neymar, o melhor
jogador do Brasil em campo, apelar para cruzamentos da intermediária.
Elano parecia ter a incumbência de treinar Cássio. Primeiro bateu falta
em suas mãos. Depois insistiu em levantar a bola na área, em tentar
furar a melhor defesa da Libertadores com um estilo de jogo repetitivo
ao qual Muricy Ramalho tem o hábito de recorrer em momentos decisivos.
O som dos apitos dos 14.788 pagantes da nação santista atrapalhava mais
do que a marcação do meio em campo. Tanto que Paulinho, sempre
decisivo, tabelou em seu campo, recebeu, caminhou, contou com a
admiração de Adriano, Arouca, Elano e Ganso e rolou para Emerson. Com a
nobreza de um sheik, o camisa 11 colocou a bola no ângulo de Rafael.
"Agora quem dá a bola é o Santos". Finalmente o hino se fez presente na
Vila. O Peixe, que via o Corinthians jogar, contou com o recuo do
adversário e passou a ter mais posse de bola. Terminou o primeiro tempo
com 56% contra 44% do Timão. Mas voltou a mostrar incapacidade de criar.
Outro sinal de que havia algo errado: Neymar desapareceu e Adriano
construiu. Passou para Juan, que rolou para Elano finalizar. A
intransponível zaga de Tite interceptou seu chute e o de Alan Kardec.
Neymar aceso, Vila apagada
Muricy ousou. Com Borges no lugar de Elano, passou a ter três
atacantes, mas o meio de campo, setor em que levava grande desvantagem
com Arouca e Ganso sem ritmo após voltarem de lesões, continuou sendo o
principal problema.
Compacto em seu campo de defesa, o Corinthians quase colocou a mão na
vaga quando Emerson colocou a bola à frente de Durval e invadiu a área.
Cansado, encurtou a passada e esperou o choque do zagueiro para cair.
Quem não caiu foi o árbitro Marcelo de Lima Henrique. Seguiu o jogo.
Ganso estava mais ativo. Um bom passe para Juan, outro para Henrique,
mas nenhum daqueles "de Ganso". Faltou também ao camisa 10 chutar mais a
gol. Aliás, quem tentou a finalização, esbarrou num Cássio que revelou
segurança, posicionamento preciso e elasticidade em saídas de gol e
finalizações de Durval e Borges.
O clima morno, favorável ao Corinthians, mudou quando Neymar apareceu.
Primeiro fez falta dura em Leandro Castán e recebeu amarelo. No lance
seguinte, foi derrubado por Sheik, e cavou a expulsão do atacante, que
já tinha cartão. O tempo fechou. A torcida se inflamou. O Peixe criou
suas melhores chances. A luz acabou!
Tempo suficiente para Muricy deixar o Santos ainda mais ofensivo e Tite
retrair sua equipe, com um a menos em campo. Após 18 minutos de
paralisação, a luz voltou a iluminar o estádio, mas não as cabeças e pés
dos jogadores do Santos. Nem os de Neymar, recordista de passes errados
em campo: oito.
O tempo passou e o Corinthians festejou. Meia missão cumprida. [MarathaonNews.com]