A Literatura Barrense por Joaquim Neto Ferreira

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O QUE NOS TORNA DIFERENTES
O Sol no poente descia por trás da igreja de nossa senhora da Conceição. O banco morno da praça senador Joaquim Pires Ferreira estava lá inerte para receber um barrense e fazê-lo refletir sobre as coisas da vida. O barrense senta-se e começa a refletir as divagações da vida. Ele ver do lado vindo pela rua Gervásio Pires a cambalear com passos lentos, passos cadenciados um homem mau vestido, maltrapilho. O sujeito com uma roupa fétida parava perto de uma lixeira que ficava perto de uma farmácia na esquina. Era um homem meio baixo e de faces esquálida, de peles flácidas, cabelos quase grisalhos e revira o local a procurar por restos de alimentos.
Ele tinha diante dos olhos castanhos a vontade de buscar o saciável alimento. Na busca incessante ele não enxergava a imundície do alimento colocado na boca. Descia pela rua Taumaturgo de Azevedo um homem meio alto de terno escuro anil, roupas limpas e caminhava pela praça exalando o perfume Calvin Klein tão gostoso de sentir. Trazia nas faces joviais uma barba bem feita e espantou-se ao passar pelo semelhante com o odor fétido exalado pelo outro.
Seus olhos castanhos escuros enxergavam e percebiam a imundície que envolvia o homem alimentando-se perto da lixeira. Havia naqueles dois barrenses certa semelhança, só que diversificada na circunstância e na alma. Um tinha na limpeza a sujeira, já o outro a imundície na higiene. O primeiro um cidadão sem oportunidades, vivendo errante, vagava do centro de Barras para a periferia, ás vezes perdia-se na fome brutal e utilizava-se das migalhas a cada busca de sobras alimentícias.
O outro bem vestido e travestido no orgulho exalava o cheiro do perfume da ambição pelo poder e mais poder, não compreendia em nada o relógio atemporal do tempo. Quando um passou pelo outro ambos olharam-se hipnotizados, alheios a efemeridade da existência. Qual dos dois seria o mais indulgente?
Enquanto um concentrava-se nas imagens do dia-a-dia, o outro nos espelhos e afinidades. Ambos são retratos, de um mundo transcrito em cifras e sem código de conduta e deveriam servir para repensar os próprios caminhos. Qual a verdadeira felicidade. Amar nosso corpo, amar a matéria. Desprezar todo nosso corpo em prol de uma parte menos usual.
Devemos está satisfeitos com o que somos e o que temos. Temos que reprimir a imundície que está em nossa mente ignorante e pensar no futuro, pois a vida segue e os bens materiais são efêmeros. O que nos torna diferentes. Status social, poder, dinheiro ou estado de espírito.
Qual dos dois homens sentia-se mais útil? Qual o mais competente? O mais respeitado? Como seres humanos somos insaciáveis. Qual dos dois sentia-se mais feliz ou o mais triste?
Um deles provocava a situação do outro ao passo que também o outro fazia a situação daquele. Qual o mais imundo? Qual o mais puro. Dois mundos, duas estórias. Cabe a você julgá-los